quarta-feira, 18 de março de 2009

A Costa dos Murmúrios

Abro o livro e chego inesperadamente a uma foto antiga, bastante amarelecida.
Estranhamente, leva-me a tentar descobrir quem será a pessoa misteriosa,
que se encontra naquele pedaço de papel, ainda com moldura recortada,
com aqueles rebordos que nos fazem por vezes, leves cortes nos dedos,devido
ao papel agreste e afiado...
Toco no rosto, e sinto que já me tinha cruzado com aquela vida.
O mais estranho, é que o livro que estou a ler, foi escolhido na biblioteca municipal.
já vou a meio do "A costa dos murmúrios ";
No meu caso, vi primeiro o filme e só agora, leio o livro,o que me faz viajar para
um romance proibido,numa terra em mudança, onde as dúvidas emocionais,
se confundem rapidamente com as alterações sociais e políticas que ocorriam,
na altura em Moçambique.

Mas volto á fotografia perdida.
No avesso estava escrito a seguinte dedicatória:

"Para ti, Amélia;
Parto,porque o nosso Amor é tão impossível, como natural e sincero;
Parto,porque a dor de não te ter ao meu lado,ilude-me a vontade de viver;
E como preciso tanto de viver intensamente !
Que o nosso Amor,perdure, mesmo que os nossos corpos nunca se capitulem
aos nossos desejos e anseios...
Eternamente....Carlos Albert......"

Como a tinta está borratada,também o nome não se percebe;
Tal como a face daquele senhor, que mostrava um porte altivo,num fato cor
clara, segurando um chapéu colonial.

Aquela foto, orfã, estava ao mesmo tempo intemporal e quase fazendo um acompanhamento
a narrativa do livro.

Amores duvidosos,terras exóticas,saudades inexplicáveis,poder decadente,paixões proibidas...

As vidas por vezes, parecem peças de um puzzle,onde todos nós esperamos a nossa vez
para nos encaixar "a medida" em alguém que também nos espera,para se completar também.
Por vezes partimos, sem saber se a "Tal" pessoa, sempre seria a peça única, que tanto procuramos para completar mais um pouco, as nossas vidas.
Provavelmente, sim...provalemente, talvez.

Mito 2009

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