terça-feira, 14 de outubro de 2008

Deseo

Acordei e vi que continuavas a dormir profundamente,tal como um bébé em sono profundo.
Levantei-me e fui até a cozinha comer um iogurte e uma fruta...
Faço sempre isto, depois de fazermos amor;Acho que nunca deste conta.também nunca te acordo.Um pequeno momento egoísta...
É bom sentir que transpiramos o nosso desejo mútuo,quando nos enrodilhamos naquela cama
perdida no tempo e no espaço.Afinal,entregamo-nos a experiencias que nunca sonháramos concretizar.Somos carnalmente perfeccionistas...
Por vezes penso, que o desejo carnal isolado da paixão, não passa unicamente de uma reacção emocional, que nos defende do amor fraterno e sorridente...
Raramente, sorrimos depois de fazer amor;deixamos simplesmente como testemunho, um abraço intenso e prolongado.Tal como se fosse uma despedida,tal como prevéssemos que amanhã, esta cama perdida no tempo e no espaço,nunca mais voltasse a sentir os corpos a deambularem conjuntamente com os nossos desejos mais intímos e secretos...
Temo voltar para o quarto,temo voltar para perto de ti,temo nunca mais voltar a sentir-te.Penso que a nossa história remete-se a dois ombros deslocados,que precisam urgentemente,de alguém que lhe abraçe muitas vezes.;que a fricção dos nossos corpos faça calor...
Carência?Desejo?atracção física?ou necessidade de ter aquele "fogo" de emoções e sensações,que nos excita a alma?
Ainda transpiro;pareçe noite de verão e está frio suficiente para acender a lareira e recordar aquele primeiro dia em que distraídamente fui contra ti nas "Ramblas".
Tudo começou naquela bodeguita,durante uma tarde de verão,em que fomos insistindo na nossa troca de olhares.Por vezes hesitantes,por vezes confusos,mas sempre seduzidos por aquele Tinto "Crianza" que degustámos pela tarde fora...

Amitab(mito)2008

"Donde acaba el deseo comienza el temor"
Baltasar Gracián

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